A viagem

Minha primeira grande viagem foi aos seis anos. Em distancia foi menos de 2mil km. No entanto, para mim, para meu tempo e para minhas aspirações infantes foi uma grandessíssima viagem por me fazer descobrir um mundo além dos cajueiros do quintal da minha avó.
Mais de 20 anos se passaram para que eu fizesse minha segunda grande viagem. Mesmo esplendorosa e grandiosa não superou a primeira em importância, mas se tornou fabulosamente impar por me reafirmar que o mundo é grande e me mostrando o quanto tenho sido pequena diante dele. Após 34h de vôo de São Paulo a Osaka, com direito a pisar no solo Canadense e a conhecer o aeroporto internacional de Narita, cheguei a Kyoto com uma gripe básica que me fez companhia por um mês. Este foi sem duvida o mais interessantes dos meses. Não por causa da gripe...rsrsrsrs... mas por ser um tempo de recomeçar e isso nem sempre é fácil, especialmente estando gripado e com o relógio biológico invertido, né?!
Claro, que tudo depende de como encaramos os fatos. Para muitas pessoas morar no Japão como bolsa de estudo na melhor Universidade do país é um sonho! Para mim foi determinação, um objetivo que estava conseguido cumprir. Porém as dificuldades em recomeçar superaram a euforia da conquista, a excitação pelo novo, pelo diferente e o encantamento belo e misterioso... Sempre achei o Japão lindo!!! Sempre admirei a cultura e a historia deste país. Que agora me oferecia o grande desafio de reconstruir-me, recomeçar e reaprender!
Isso mesmo, reaprender a falar, a ler, a andar nas ruas, a usar os talheres, a dormir, a tomar banho, a fazer compras, a lavar as roupas, a sentar, a levantar... resumindo, reaprender tudo mesmo! Foram momentos árduos, porém de maravilhosa aprendizagem... E isso fez valer as lagrimas, a saudade, a solidão das horas de insônia, o frio que os cobertores não aqueceram! Compensou toda sensação de está vazio... E por incrível que pareça esse sentimento deu-me a consciência de como viveria daí em diante...
A vida nos presenteia com varias oportunidades para descobrimos que somos humanos, que somos imperfeitos, que erramos que sabemos pouco sobre os gestos simples, que nos equivocamos sobre o valor das coisas, o valor das pessoas, o valor dos sentimentos, o valor que damos a nós mesmos, aos outros e aos sonhos. E quando descobrimos isso uma coisa extraordinária acontece: começamos a superar a nós mesmos! E compreendemos que todos os momentos são mágicos! E por isso não podemos e devemos perdê-los. Minhas viagens me levaram a conhecer lugares que um dia sonhando pareciam ser só uma ilusão. Minhas viagens foram mais distantes que meu desejo, elas me conduziram ao melhor lugar em que poderia está... no presente, no meu presente!!!! Se qualqueis amarras do foi, do que poderia ter sido ou do que será...
Agora é a hora de viver, de fazer, de cantar, de dançar, de sorrir, de reconhecer os amigos mesmo não falando a língua deles, de enviar cartões as pessoas especiais, de ser presente mesmo distante, de estudar para prova de novembro e para as outras que ainda não foram marcadas...rsrsrs... Esse é o momento de fazer novas viagens, de conhecer mais e mais, de andar meio sem rumo e encontrar jardins, templos, insetos estranhos, de sentir sabores exóticos, de sentir a terra tremer e assistir o sol nascer às 5:25 pela janela do meu quarto!